Trés senhores

Um pouco do que sou não é o que habita em mim nem um pouco, um pouco do que sou é o que eu não quero ser, como ouso não querer falar sobre o que eu não quero e não almejo, um pouco do que és é tudo aquilo que és, pois não se fazes homogêneo, se fazes solto, desleixado, irritante, eu sim sei o que és e não és nem um pouco fadigoso, enfadonho como diz estes três senhores de chapéu e charuto com a voz rouca e nostalgia no olhar, mais és irritante, me irrita constante e me deixa em náuseas e às vezes ânsia de vomito.
mas eu gosto de como olhas para os céus e me perguntas pra que serve o canto dos pássaros, com tua voz melhor que a dos pássaros, com teu olhar que transmite um poço de paz e penumbra à noite com aquela tua solidão misteriosa; e me pergunto por que me irritas assim senhor? Não sou digna da paz que vejo em teu olhar? Se fores tão nobre assim diga-me, pois não sei ao certo porque me irritas, porque fazes estes jogos de querer e não querer, de amar e desamar.
-faço isso minha senhora, porque não sei ao certo de tuas intenções, a insegurança, é ela a quem culpo por ser dois em vez de um, perdão minha senhora, agora que sei o quanto é recíproco esse sentimento, me abrace e venha comigo, vem com esse pobre senhor que não cansa de te irritar...
fechei os olhos e vi o quanto era gracioso, sem mais não respondi ao meu senhor, não podia ir, o que direi?
- vou ter todo resto da minha vida pra te chamar, vem minha senhora, vem!
-irei meu senhor, só me da um minuto desta tardezinha, para que avise a minha irmã que eu irei contigo sem olhar para trás, mas antes me diz, teu amor te abalará?
-certamente que não minha senhora, desde garoto só tenho olhos para te irritar, nem por mil tempestades, nem por mil abraços, nem por dote te deixarei, vem! Somente vem!